A Hipertensão Arterial, caracterizada por
apresentar-se como uma doença silenciosa (na maioria dos casos), possui uma
vasta lista dos ditos Fatores de Risco que a acompanham, podendo ser
classificadas tanto quanto modificáveis, como é o caso do tabagismo, da bebida
alcoólica, do sedentarismo, da obesidade, dos hábitos alimentares e do
estresse; quanto não modificáveis, como é o caso da idade, do sexo e do
histórico familiar. Tais Fatores de Risco, entretanto, se não forem devidamente
avaliados e considerados, podem acarretar em futuras complicações do sistema
cardiovascular como um todo.
Entretanto, hoje focaremos no aspecto do sedentarismo, buscando
compreender qual a sua relação com a pressão arterial e quais as consequências
que advêm de tal prática. Entender porque as pessoas que se exercitam e
praticam regularmente alguma atividade física têm menos propensão ao
desenvolvimento dessa doença que vem invadindo a realidade do mundo
pós-moderno.
O sedentarismo facilita, contribui, torna mais fácil, mais propício que
haja um acúmulo de placas de gordura (ateromas) nas artérias, uma vez que o
organismo precisará de menos energia para se manter. Isto é, haverá uma “sobra”
de gordura que não foi devidamente metabolizada, fazendo com que haja uma maior
concentração de gordura na corrente sanguínea, facilitando a formação dessas
placas.
Os ateromas se formam da seguinte forma: as partículas de LDL colesterol
(o dito colesterol “ruim”), entram no espaço subendotelial – que é o espaço
entre a porção interna do vaso sanguíneo e a membrana interna elástica do vaso.
Essas partículas podem se tornar oxidáveis, acelerando o processo da
aterosclerose. Os monócitos (um tipo de glóbulo branco) são atraídos pelas
moléculas de LDL oxidadas, se acoplando ao endotélio e entrando na camada
íntima. Quando os monócitos se instalam na camada sub-íntima, eles passam a se
chamar de macrófagos, e passam a englobar as partículas ricas em colesterol.
Há, então, o início da formação de uma massa adiposa, constituída de macrófagos
e de partículas ricas em lipídeos. Essa massa, então, passa a se desenvolver,
criando as placas de gordura.
Essas placas começam, então, a obstruir as paredes das artérias,
comprometendo a circulação sanguínea. Mas qual a relação de todo esse quadro
com a hipertensão? Para exemplificar, pensemos em uma mangueira. Quando ela não
está sendo pressionada, isto é, quando a água está fluindo de maneira contínua
e ininterrupta, esse é o seu fluxo normal, padrão. No entanto, quando a
pressionamos, diminuindo o seu raio de circunferência, a pressão dentro da
mangueira passa a ser maior, permitindo que a água tenha um maior alcance. Uma
analogia pode ser estabelecida entre as placas de gordura e essa mangueira,
isto é, a mangueira representa a artéria, e a pressão exercida sobre a
mangueira representa a própria placa de gordura formada, que diminui o raio de
circulação do sangue dentro da artéria aumentando, com isso, a pressão
arterial.
Respondendo, então, à pergunta inicial (qual a relação entre o
sedentarismo e a hipertensão): uma vida com hábitos sedentários tende a tornar
mais propício o aparecimento das condições ideais para que haja o aparecimento
das placas de gordura e, consequentemente, de uma possível hipertensão
arterial. Algo que é mais difícil de ocorrer, que é mais facilmente evitado em
pessoas que praticam regularmente alguma atividade física, já que gastam mais
energia (metabolizam, por exemplo, mais gorduras, minimizando a quantidade dela
no sangue) do que as pessoas que nada fazem.
Tendemos a pensar que tais situações ocorrem
apenas com os outros, mas nunca com a gente. No entanto, é válido lembrar que a
pressão alta normalmente é uma doença silenciosa e que, como tal, vai se
instalando sem avisar. Busquemos, portanto, estar sempre nos exercitando,
saindo da nossa zona de conforto e entrando em ação, entendendo que os efeitos
benéficos das atividades físicas vão muito além de simplesmente se evitar uma
possível hipertensão arterial.
Referências bibliográficas:
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